ALQUIMIA vem de “AL”, do Árabe e de “KYMEIA” do Grego e significa fusão ou mistura e sua principal meta era a transformação de substâncias por processos químicos e a transmutação dos metais. Encerrados em seus sombrios laboratórios, os alquimistas praticavam uma “ciência” que pretendia concretizar os anseios fundamentais dos homens:
“Os que se encontram na miséria, não se desesperem, porque conseguiremos, um dia, transformar o metal mais comum em ouro; nem esmoreçam os velhos e doentes: em breve bastará um pouco do nosso ‘elixir da longa vida’ para lhes devolver a juventude e o vigor. Tudo isso será possível, quando descobrirmos a ‘pedra filosofal’, esta substância miraculosa capaz de provocar toda sorte de transformações”.
Com estas crenças e com suas experiências os alquimistas abriram os caminhos que, com o passar do tempo, conduziram à Ciência dos nossos dias.
A Alquimia foi praticada desde a mais remota antigüidade. Com efeito, a transformação de substâncias por processos químicos já fazia parte dos conhecimentos legados pelas civilizações arcaicas da China e Índia aos impérios Persa e Egípcio.
Enquanto os egípcios a utilizavam para efeitos práticos como curtir couro, preparar ligas de metais comuns, fabricar corantes e cosméticos, os persas se interessaram por esse novo tipo de conhecimento e o difundiram entre os povos que conquistaram. Através deles chegou a alquimia à Grécia, onde foi incorporada aos conhecimentos teóricos dos gregos sobre os mistérios da vida.
Contudo, o grande centro alquimista da antigüidade foi a cidade de Alexandria no Egito. Nela se deu a fusão entre as práticas egípcias e as teorias gregas, mais tarde desenvolvida pelos árabes que dominaram a cidade em 642d.C.. Dos Árabes conquistadores, nasceu um dos maiores alquimistas de todos os tempos – JABIR IBN HAYYAN, nascido em 721 e falecido em 813d. C., conhecido na Europa como GEBER.
No início do século VIII, quando os árabes chegaram à Espanha, levaram consigo toda a sua sabedoria e, através das universidades mouras de Córodoba, Barcelona e Toledo, a alquimia foi difundida por toda a Europa, onde alcançou um desenvolvimento sem precedentes. Tanto assim, que os séculos XV e XVI foram a idade do ouro dessa atividade precursora da Ciência. Muitos estudiosos se dedicaram à sua prática, mas ela foi também um campo aberto para charlatões e curandeiros que iludiam os ingênuos com promessas de fortuna, saúde e vida eterna. Até que a lucidez e objetividade dos pensadores da Renascença começaram a duvidar dos elixires e da decantada “Pedra Filosofal”. Pois, na realidade, ela jamais fora encontrada e, portanto, não se conseguira transformar nenhum metal em ouro. Entretanto, dessas pesquisas malogradas a humanidade pôde usufruir muitos benefícios.
A teoria do Aristóteles, filósofo grego que viveu no século IV a. D., de que as substâncias eram compostas dos quatro elementos fundamentais, a terra, o fogo, o ar e a água, foi a idéia básica da alquimia. Assim, uma substância se distingue da outra pelas diferentes proporções que contém desses elementos ou outros introduzidos mais tarde.
Para Geber, todos os metais seriam formados apenas de mercúrio e enxofre, sendo que desses elementos se deveriam extrair as essências que transformariam todo o metal em “ouro mais puro que o das minas”.
Admitindo que todas as substâncias têm uma única raiz, parecia possível, para os alquimistas, transformar os corpos, entre os quais os metais, em ouro. Este é o símbolo do sol, da luz, do poder criativo, da revelação divina. O ouro é um sinal concreto da força que serve para comprar a glória e a felicidade neste mundo.
A busca por um solvente universal – o “Alkahest” - foi também uma das maiores preocupações dos alquimistas, embora eles não soubessem responder em que recipiente poderiam colocar uma substância que dissolveria tudo. Por outro lado, acreditando na influência dos astros sobre os homens, admitiam que eles também influenciariam e transformariam os metais. Por isso, a cada metal, faziam corresponder um astro: ouro = Sol; prata = Lua; cobre = Vênus; chumbo = Saturno; ferro = Marte; estanho = Júpiter; mercúrio = Mercúrio.
Estas e outra crenças guiaram os alquimistas através dos séculos na esperança de atingir, em seus laboratórios, os segredos fundamentais do universo.
Na Idade Média, o laboratório de um alquimista era um vastíssimo salão muito escuro com várias mesas cobertas de tubos, filtros, funis, retortas, ampolas de vários tamanhos. No centro da sala havia uma ampla estufa atulhada de recipientes de formatos esquisitos, cheios de substâncias malcheirosas. Nas paredes, várias estantes com numerosos frascos hermeticamente fechados. Seus rótulos indicavam os nomes das substâncias tão bem guardadas: “Lua – vermelha”, “Aquiles de cobre”, “Asterita”…
A peça mais importante desse estranho equipamento seria provavelmente a fornalha ou caldeira, onde o alquimista colocava o cadinho no qual queimava ou “calcinava” os minérios. Na fornalha, chamada atanor, as substâncias eram aquecidas utilizando-se três tipos de calor: o fogo úmido, ou banho-maria, o fogo sobrenatural, obtido adicionado-se à chama um ácido qualquer, e o fogo natural.
A fornalha também servia para destilação de líquidos que ferviam em vasilhas chamadas alambiques, com detalhes engenhosos e em cujos cabeçotes (kerotakis) se dava a condensação do vapor. A preciosa substância destilada caia gota-a-gota num recipiente, o pelicano, formado de dois tubos que depois se uniam, onde os líquidos destilados circulavam.
Nestes aparelhos muitas experiências foram feitas na esperança de se conseguir a sonhada transformação dos metais em ouro. Considerava-se que o primeiro estágio dessa transformação era a obtenção de uma substância de cor preta, que conseguiam misturando chumbo e cobre no kerotakis e adicionando enxofre para produzir vapor. Teoricamente, a coloração preta ou melanosis da substância deveria ser seguida da coloração branca ou leukosis, depois xantosis ou coloração amarela e, num estágio muito avançado, de iosis ou coloração roxa. Um bom alquimista deveria usar também o pilão para triturar os minérios e reduzi-los a pó.
Além de toda a aparelhagem, sobressaem os grossos livros, empilhados a esmo, que numa esotérica e simbólica linguagem registravam as fórmulas e receitas que custaram aos alquimistas tantas meditações e experiências.