05 de março de 1998 | Autor: antonini
O colesterol contém um sistema de quatro anéis característicos para todos os esteróides e um grupo hidróxi secundário. É o principal esterol dos animais superiores. Encontrado em todos os tecidos do corpo, especialmente no cérebro, na medula espinhal e em gorduras e óleos animais. Também é parte constituinte de diversas membranas e ponto de partida para a formação dos ácidos biliares, hormônios esteróides (sexuais e glicocorticóides) e membranas celulares. Além disso é considerado parcialmente responsável pelas ateroscleroses.
Variações fisiológicas do colesterol
Existem numerosas causas de variações fisiológicas que cumpre levar em conta na interpretação das dosagens: a idade, sexo, regimes, vida sedentária ou não.
Variações patológicas do colesterol
Na prática os valores limites superiores são 6 mMol/l aos 30 anos e 6,60 mMol/l aos 50 anos.
Uma queda da taxa de colesterol total (abaixo de 4 mMol/l no adulto) sugere uma desnutrição, uma insuficiência hepatocelular, um hipertireoidismo (espontâneo ou factício).
A elevação da colesterolemia, além das dislipidemias familiares primitivas, se encontra em certo número de situações patológicas (isolada ou associada a uma hipertrigliceridemia), hipotireoidismo, coléstase, síndrome nefrótica, corticoperapia, nos pletórios com aporte alimentar excessivo de colesterol e de gorduras saturadas.
O risco de aterosclerose, acompanhado por seu cortejo de complicações graves, domina de longe o prognóstico das hiperlipemias.
A aterosclerose se desenvolve lentamente ao curso de muitos anos. Consiste ela na formação de placas de tecido muscular liso hipertrofiado, infiltradas por macrófagos carregados de colesterol e incrustadas na matriz da membrana basal e no tecido conectivo. Recentemente demonstrou-se que a fração mais nociva do colesterol, a que circula em união com lipoproteínas de baixa densidade (LDL), deve sofrer oxidação antes de acumular-se por sob o endotélio vascular.
O colesterol modificado ou oxidado atrai células fagocíticas, monócitos que incorporam colesterol e se convertem em macrófagos vacuolados ou espumosos.
Os depósitos de gorduras nos macrófagos faz com que estes secretem substâncias que induzem a proliferação muscular lisa. Este crescimento pressiona o desenvolvimento da placa aterosclerótica, que ao crescer, estreita o lúmen arterial. Eventualmente esta placa se fissura ou mesmo se rompe ocasionando os fenômenos associados à trombose.
Conduta terapêutica
Dieta
O Primeiro passo na sequência terapêutica é o dietético, com redução da ingestão de gorduras, especialmente as saturadas e o colesterol. Somente se estas medidas falharem é que devemos recorrer às drogas anticolesterolêmicas.
Drogas
Os especialistas recomendam a colestiramina (Questran), o colestipol (Colestid) e o ácido nicotínico ou a niacina, como drogas de primeira linha. Em seguida, deve-se colocar o gemfibrozil (Lopid).
MÉTODOS DE DOSAGEM
Existem numerosas técnicas diferentes (o que prova que nenhuma é plenamente satisfatória). Esta noção é importante para o médico porque os valores numéricos fornecidos dependem da técnica empregada. As taxas reputadas normais e o desvio-padrão obtido quando das operações de padronização do método devem ser indicados pelo laboratório responsável pela dosagem.
A determinação do colesterol total inclui a medição das formas livres e esterificadas do esteróide. No soro e no plasma, dois terços do colesterol total se encontram como éster e o resto de forma livre.
Por estas razões, é de suma importância o conhecimento da química de diversos métodos para o colesterol e o reconhecimento de suas limitações na escolha do método a ser empregado no laboratório. Com frequência deve-se encontrar um equilíbrio entre as características de simplicidade, rapidez, conveniência, exatidão e precisão.
A seguir, citaremos algumas técnicas existentes:
Método de Liebermann-Burchard:
A reação se processa quando o ácido sulfúrico concentrado é adicionado à uma solução de colesterol em anidrido acético. As cores produzidas variam do vermelho ao violeta e ao azul esverdeado. A cor esverdeada é devida a formação de um derivado sulfônico de colesterialeno.
Método de Zlatkis, Zak e Boyle:
O colesterol do soro reage com o o-ftalaldeído, em meio acético-sulfúrico, produzindo um composto de cor púrpura, cuja intensidade de cor é diretamente proporcional à concentração de colesterol presente na amostra.
Este método é 4 a 5 vezes mais sensível que a reação de Liebermann-Burchard.
Método de Leffler-McDougald:
O isopropanol é utilizado para precipitar as proteínas e, ao mesmo tempo, extrair o colesterol. Sobre uma alíquota do extrato, adiciona-se o reativo férrico-acético que, em meio sulfúrico, forma um composto colorido que é determinado espectrofo-tometricamente.
Método de Leffler-McDougald modificado:
As proteínas são precipitadas e o colesterol extraído a um só tempo, pelo próprio reativo cromogênico, o qual contém ácido acético. O cloreto férrico incorporado ao reativo, juntamente com o ácido sulfúrico, oxida o colesterol nas posições 3 e 6, produzindo D 4-colesten-3,6-diona. A intensidade da coloração âmbar é diretamente proporcional à concentração de colesterol existente na amostra.
Método de Huang e colaboradores modificado:
O
anidrido acético precipita as
proteínas, retirando a água de
solvatação
das mesmas e, ao mesmo tempo, contribui para a
formação
de um complexo. O ácido sulfúrico dissolve o
precipitado,
pois baixa o pH além do pI das proteínas. Pela
desidratação que ocorre no nível
insaturado do
núcleo do colesterol (posição 5 e 6),
forma-se um
derivado sulfônico de coloração verde
cuja
intensidade é diretamente proporcional à
concentração de colesterol existente na amostra.
Métodos que utilizam processos enzimáticos:
Os ésteres de colesterol existentes no soro ou plasma são hidrolisados pela ação da enzima colesterol-esterase. O colesterol livre resultante é oxidado pela enzima colesterol-oxidase sob consumo de oxigênio a D 4-colestenona e peróxido de hidrogênio.
O peróxido de hidrogênio obtido oxida, com auxílio da enzima catalase, o metanol a formaldeído.
Na presença de íons de amônio, o formaldeído reagindo com a acetil-acetona forma um composto amarelo cuja intensidade de cor é proporcional a concentração do colesterol e que é medida entre 405-410 nm.