INTRODUÇÃO
O teor de proteínas plasmáticas no plasma
é de
aproximadamente 7 a 7,5g/dL. As proteínas
plasmáticas,
assim, compreendem a maior parte dos sólidos do plasma.
Essas
proteínas, na realidade, são uma mistura complexa
incluindo não só as proteínas simples
mas,
também, proteínas mistas ou conjugadas como as
glicoproteínas e vários tipos de
lipoproteínas .As
proteínas séricas compreendem principalmente as
frações albumina e globulina do plasma .A
fração albumina das proteínas do soro
é a
mais abundante das proteínas séricas, sendo
sintetizada
no fígado. Tem um peso molecular de aproximadamente 69.000.
A
estrutura primária da albumina consiste em 610
aminoácidos ordenados em uma cadeia peptídica
simples. A
estrutura secundária da albumina parece apresentar as
cadeias
dobradas sobre si, para formar camadas que podem ser desenroladas por
redução do pH e novamente reenroladas por
elevação do pH.No homem a albumina é a
principal
proteína do soro, que normalmente constitui 60% das
proteínas totais.
SÍNTESE
Sintetizada quase toda pelo fígado, a albumina tem uma
meia-vida
de 15 a 19 dias. A síntese desta proteína
está
claramente ligada ao fornecimento de aminoácidos estruturais
ao
fígado e daí a sua sensibilidade à
desnutrição proteica. A síntese da
albumina
começa dentro de 30 minutos, quando os indivíduos
em
depleção proteica recebem quantidades suficientes
de
aminoácidos, o que sugere que a síntese da
albumina pode
não ser constante, mas ocorrer em
relação com os
suprimentos alimentares e com a absorção de
subunidades
proteicas.
DISTRIBUIÇÃO
Num indivíduo de
tamanho médio, 350 gramas de
albumina fazem parte da massa corporal, estando 140 gramas no
espaço intravascular e 210 gramas no espaço
extravascular. A albumina distribui-se por toda a extensão
do
corpo, incluindo ossos e pele, encontrando-se apenas cerca de 2 gramas
dentro do fígado, sendo que a maior parte está
dentro dos
canais linfáticos.
FUNÇÕES
A principal
função da albumina normal é o
transporte e armazenagem de uma ampla variedade de
substâncias de
baixo peso molecular, como o cortisol, hormônios sexuais,
cálcio e drogas várias. A
qualificação
“normal” deve ser atribuída, porque se
sabe que
algumas variantes de albumina podem ser alteradas na sua capacidade de
fixarem drogas como a warfarina.
A fixação, e consequentemente a destoxificação, constitui outra das funções primaciais da albumina no recém-nascido.
A bilirrubina fixada à albumina tem menor probabilidade de passar para os tecidos hidrófobos do cérebro do que a bilirrubina livre.
Certos metais pesados são também fixados à albumina numa forma não tóxica. Em casos de hemólise extensa, forma-se um complexo contendo heme chamado metahemalbumina.
Desempenha também um papel muito importante no metabolismo das gorduras, além de constituir uma fonte de nitrogênio.
A ação das lipoproteínas-lipases sobre os lipídios libera ácidos graxos instáveis, que são ligados à albumina durante um curto período, num trânsito rápido do fígado para os tecidos periféricos. Além da sua função como molécula fixadora e de transporte, a albumina desempenha um papel importante na nutrição.
Argumenta-se que a proteína está constituída de tal modo que é facilmente metabolizada, contendo todos os aminoácidos essenciais. Na desnutrição, os níveis plasmáticos da albumina diminuem muito mais que os níveis de gamaglobulinas. Em casos de má nutrição, especialmente em Kwashiorkor (dietas deficientes em proteinas e calorias) se observam níveis muito baixos.
Outra das funções importantes da albumina é a manutençào da pressão osmótica. É responsável por 75% da pressão coloidosmótica do plasma. Cada grama de albumina sérica exerce uma pressão osmótica de 5,54 mm de Hg, enquanto que a mesma quantidade de globulina sérica exerce uma pressão de apenas 1,43 mm de Hg. Isto se deve ao fato das frações de albumina consistirem em proteínas de peso molecular muito mais baixo que os das frações de gamaglobulina.
Um grama de albumina reterá 18 ml de líquido na corrente sangüinea. Quando os níveis de albumina diminuem basta uns 20 g/L, com freqüência se observa edema devido a redução da pressão coloidosmótica. As alterações dos níveis séricos de albumina podem ser resultantes de um grande número de sequelas patológicas e em conseqüências não conhecidas
EXCREÇÃO
O catabolismo desta
proteína passa-se principalmente em
órgãos com elevadas taxas de metabolismo, por
exemplo,
fígado, baço, rim, músculos, etc. As
células incorporam gotículas de plasma por
pinocitose e
digerem o conteúdo proteico até
aminoáciodos, que
voltam a estar disponíveis para sínteses
proteicas.
MÉTODOS
Por ser uma proteína estável com problemas mínimos de heterogenidade, a albumina é facilmente estudada por vários métodos químicos e imunológicos. A capacidade que a albumina tem para fixar e transportar pequenas moléculas é explorada nas provas de fixação de corantes, atualmente de ampla utilização. Dado que os pacientes podem ter a albumina já parcialmente saturada por medicamentos correntes como a aspirina ou por metabólitos como a bilirrubina, os métodos de fixação de corantes podem fornecer valores falsamente baixos. Os métodos imunoquímicos para estudo da albumina parecem não ser afetados pelas frações moleculares transportadas e estão recebendo crescente atenção no laboratório clínico. Praticamente todos os métodos imunoquímicos, para análise de proteínas solúveis, têm sido aplicados à análise da albumina.
1 – Método de Precipitação
As primeiras técnicas para a análise de albumina se basearam na precipitação ácida ou com salina ou com solventes.
- Tipo de Análises: Quantitativo.
- Princípio: As alterações na carga negativa da proteína causam a sua precipitação .
- Amostra: Soro .
Como não podem ser automatizadas facilmente, os métodos de precipitação
tem somente interesse histórico.
2 – Método do Triptofano
A medição da albumina pode ser realizada mediante a determinação direta de globulina baseada no conteúdo de triptofano, calculando albumina por subtração da globulina a partir das proteínas totais. O conteúdo de triptofano da albumina sérica é de 7 a 10% do presente na globulina, em base ponderada.
- Tipo de Análise: Quantitativo .
- Princípio: ácido glixílico + triptofano presente na globulina .
Proteína Total – Globulina = Albumina .
- Amostra: Soro .
- Comentários: Se relaciona bem com a eletroforese, porém requer a medição da proteína total.
Os métodos por determinação de triptofano nunca foram muito usados devido a simplicidade e especificidade dos métodos para albumina por fixação de corantes.
3 – Método por Eletroforese
A albumina sérica pode ser determinada quantitativamente por técnicas eletroforéticas. A eletroforese é a migração de partículas carregadas eletricamente, em uma solução eletrolítica, pela passagem de uma corrente elétrica através de uma solução. Vários componentes proteicos de uma mistura, como o plasma, em pH acima e abaixo de seus pontos isoelétricos, migrarão em velocidades variáveis em tal solução, porque possuem diferentes cargas na superfície da partícula. As proteínas, assim, tenderão a separar-se em camadas distintas. A amostra a analisar é dissolvida em um tampão adequado (para o plasma, usualmente, é o dietilbarbiturato de sódio 0,1 N, em pH 8,6). A mistura, em seguida, é colocada na célula de vidro, em forma de U, do aparelho de eletroforese de Tiselius, e os eletrodos positivo e negativo são ligados as extremidades da célula. Quando a corrente é aplicada, inicia-se a migração dos componentes da proteína. As moléculas de albumina, que são menores e de cargas mais elevadas, apresentam a velocidade de migração mais rápida, seguidas por várias globulinas. Depois de algum tempo, podem ser notados os limites entre as frações separadas em virtude das diferenças no índice de refração, causadas pelas variações das concentrações de proteína. O registro fotográfico dessas variações constitui o que se denomina de padrão eletroforético.
No plasma humano normal, 6 faixas distintas foram identificadas. Elas são designadas, na ordem de sua mobilidade decrescente, como albumina, alfa 1 e alfa 2 globulinas, betaglobulinas, fibrinogênio e gama globulina.
A distribuição dos componentes eletroforéticos do soro humano normal é a seguinte :
Albumina |
52 a 65% |
Globulina |
24 a 29,5% |
Alfa-1 |
2,5 a 5% |
Alfa-2 |
7 a 13% |
Beta |
8 a 14% |
Gama |
12 a 22% |
Fibrinogênio |
6,50% |
- Princípio: A albumina é separada das outras proteínas em um campo elétrico.- Amostra: Soro .
- Comentários: muito trabalhoso, porém muito exato.
4 – Método Imunoquímico :
Os métodos imunológicos empregados para a determinação de albumina sérica incluem a Imunodifusão Radial (RID) e a Eletroimunodifusão (EID) nos quais a albumina se difunde de forma passiva (RID) ou sofre uma eletroforese (EID) em uma fase estacionária (como agarose) que contém anticorpos antialbumina. As linhas de precipitação formadas pela reação entre a albumina e o anticorpo se fixam e coram. Na Imunodifusão Radial o diâmetro dos halos de precipitação formado é proporcional a concentração de albumina.
A – Imunodifusão Radial :
- Tipo de Análise: Quantitativo.
- Princípio: A proteína difunde através de um meio que contém anticorpo específico.
- Amostra: Soro e Líquido Cefalo Raquidiano.
- Comentários: Método de Referência, porém o tempo de incubação é muito
prolongado.
B – Eletroimunodifusão :
- Tipo de Análise: Quantitativo .
- Princípio: A proteína migra em um campo elétrico através de um meio com anticorpo específico.
- Amostra: Soro.
- Comentários: Método de Referência, bastante trabalhoso .
A reação entre a albumina e o anticorpo específico pode ser seguida por turbidimetria ou nefelometria. Os complexos Anticorpo – Albumina que se formam aumentam absorção (turbidimetria) ou a dispersão (nefelometria) da luz incidente, o qual pode relacionar-se com a concentração da albumina. Se dispõe de nefelômetros automatizados e a técnica turbidimétrica também tem sido adaptada a análises automatizadas.
C – Turbidimetria :
- Tipo de Análise: Quantitativo.
- Princípio: Os complexos Antígeno – Anticorpo diminuem a transmissão de luz em maior proporção que o Antígeno livre.
- Amostra: Soro
- Comentários: Custo muito elevado dos reativos .
D – Nefelometria :
- Tipo de Análise: Quantitativo .
- Princípio: Os complexos Antígeno – Anticorpo dispersam a luz em maior quantidade que o Antígeno livre.
- Amostra: Soro e Líquido Cefalo Raquidiano.
- Comentários: Custo muito elevado dos rativos.
E – Radioimunoensaio :
- Tipo de Análise: Quantitativo.
- Princípio: A albumina marcada radioativamente compete com a albumina da amostra por uma quantidade determinada de anticorpos.
- Amostra: Soro e Líquido Céfalo Raquidiano.
- Comentários: Usado principalmente para a Urina.
F – Enzimoimunoensaio :
- Tipo de Análise: Quantitativo.
- Princípio: Ensaio tipo “sanduiche “ onde se empregam anticorpos fixados a uma superfície e anticorpos marcados com peroxidase.
- Amostra: Soro e Líquido Cefalo Raquidiano.
- Comentários: Método novo.
Atualmente poucos laboratórios empregam as técnicas imunológicas para a determinação de albumina no soro.
5 – Método por Fixação de Corantes :
Os métodos por fixação de corantes são os mais empregados para a determinação da albumina sérica. A albumina tem a propriedade de se fixar a uma variedade de ânions orgânicos,incluindo moléculas complexas de corantes. Tem sido empregado uma grande variedade de corantes incluindo:
A – Alaranjado de Metila :
- Tipo de Análise: Quantitativo.
- Princípio: A albumina se fixa a um corante e modifica o perfil espectral deste.
- Amostra: Soro.
- Comentários: Não específico para a albumina.
B – HABA (Ácido 2 – [4’- hidroxiazobenzeno] benzóico) .
- Tipo de Análise: Quantitativo.
- Princípio: Igual ao anterior.
- Amostra: Soro.
- Comentários: Específico para a albumina, pouca sensibilidade, onde há a interferência de muitos fármacos.
C – PBC ( Púrpura de Bromocresol ) :
- Tipo de Análise: Quantitativo.
- Princípio: Igual ao anterior.
- Amostra: Soro.
- Comentários: Específico para a albumina; as albuminas de origem animal não se fixam em forma equivalente a de origem humana.
D – Azul de Bromofenol:
- Tipo de Análise: Semiquantitativo.
- Princípio: O azul de bromofenol colocado em uma tira reativa vira de amarelo para azul em presença de albumina.
- Amostra: Urina.
- Comentários: Não específico, muito sensível a albumina e muito usado para a prova de proteínas na urina.
E – VERDE DE BROMOCRESOL :
Dosagem : Albumina
Método : Verde de Bromocresol
Amostra : Soro
Comprimento de Onda : 629 nm
Linearidade : 60 g / L
Valores de Referência : O intervalo de referência segundo a idade e o sexo se apresenta mais adiante . (ver quadro abaixo)
HOMENS | ||
IDADE | ALBUMINA, g/L | mmol/L |
21-44 | 33,3-61,2 | 0,50-0,92 |
45-54 | 29,1-61,2 | 0,44-0,92 |
55-93 | 31,6-54,6 | 0,48-0,82 |
MULHERES | ||
IDADE | ALBUMINA, g/L | mmol/L |
20-44 | 27,8-56,5 | 0,42-0,85 |
45-54 | 24,6-54,4 | 0,37-0,82 |
55-81 | 32,0-52,8 | 0,48-0,80 |
Os intervalos normais para crianças e recém-nascidos são menores do que os encontrados para adultos . Em recém-nascidos é de 29 a 55 g/L (0,44 a 0,83 mmol/L) e em crianças de 38 a 55 g/L( 0,57 a 0,80 mmol/L) .- Tipo de Análise: Quantitativo.- Princípio: A albumina é detectada graças ao fenômeno denominado “erro proteico dos indicadores ” que ocasiona uma mudança na cor de determinados indicadores, na presença de albumina, meio tamponado. O verde de bromocresol reage com a albumina, formando um complexo corado de cor verde, que é medido, fotometricamente.- Amostra: Soro.
- Reativos :
a – Solução estoque de verde de bromocresol (VBC) .
A uma quantidade de aproximadamente 50 mL de água destilada , adicionar 50 mg de verde de bromocresol, 6,5 mL de hidróxido de sódio 1 N, 3 mL de ácido láctico a 90 % e 1 mL de “Tween 80”. Misturar, ajustar o pH da solução a 4, com ácido láctico e completar a 100 mL, com água destilada.
b – Reativo de uso :
Diluir a solução estoque anterior a 1/5, com água destilada. Preparar na hora do uso.
c – Padrão de albumina com 3 g/dL .
Dissolver 3 g de albumina bovina fração V, em água destilada, até completar 100 mL.
- Técnica :
a – Marcar três tubos, B (Branco), P (Padrão) e A (Amostra), adicionando 10mL do reativo do uso em todos eles.
b – A seguir, pipetar, respectivamente :
Tubo P : 0,02 mL do padrão de albumina .
Tubo A : 0,02 mL da amostra .
c – Misturar e deixar, em repouso, por 10 minutos, à temperatura ambiente.
d – Ler as absorbâncias, em 630 nm ou filtro vermelho, acertando o zero com o branco .
e – Cálculo
Absorbância da Amostra x 3 = g de albumina/dL
Absorbância do Padrão
Determinação Automatizada da Albumina do Soro pela Reação Imediata com o Verde de Bromocresol
O método para determinação da albumina do soro descrito neste trabalho é baseado na reação rápida entre a albumina e um reativo de cor, o verde de bromocresol (BCG). Rodkey foi o primeiro a descrever o método, o qual foi aperfeiçoado por Doumas et al. As condições finais de reação utilizadas neste trabalho, são as descritas por Doumas et al., porém com um aperfeiçoamento da técnica..
Os resultados obtidos pelo método do BCG não podem ser comparados com métodos mais específicos, onde o tempo de reação é mais prolongado. Isto pode ser demonstrado claramente em em soros que apresentam baixas concentrações de albumina, onde os valores se mostraram falsamente aumentados.
Foi recentemente demonstrado que a reação com BCG se processa em duas etapas. A albumina seria a responsável pela reação imediata, enquanto outras proteínas do soro seriam responsáveis pela reação tardia. Houve uma boa comparação entre os valores de albumina imediata obtidos pelo método do BCG e por métodos imunológicos e estes resultados foram confirmados por outros autores.
Em uma revisão sobre albumina foi questionado o desenvolvimento de métodos automatizados, baseados nesta reação imediata, sendo que dois sistemas foram descritos.
Os dois sistemas de análise utilizados foram o LKB 2086 Reaction Rate Analyser e um sistema de múltiplas análises(multichannel analysis system), LKB 2480 Prisma. Para adequar o método manual a estes dois sistemas automatizados, foram utilizados reagentes mais concentrados para iniciar a reação entre o BCG e soro dos pacientes previamente diluídos com água destilada.
1) Material e Métodos:
· Reagentes:
Reaction rate analyser: O reagente de BCG, utilizado aqui é cinco vezes mais concentrado que o descrito por Doumas et al.
1 – Solução “stock” de BCG (3,0 mmol/L): Dissolver 419 mg de verde de bromocresol em 10,0 mL de uma solução de hidróxido de sódio 0,10 mol/L em um tubo de ensaio com tampa. Deixar homogeneizando aproximadamente 12 horas em um homogeinizador rotatório com inversão. Transferir para um balão volumétrico de 200 mL e completar o volume com água destilada.
2 – Solução “stock” de ácido succínico (500 mmol/L): Dissolver 59,5 g de ácido succínico em cerca de 800 – 900 mL de água destilada, em agitador magnético a temperatura ambiente por aproximadamente 12 horas. Diluir para 1 L com água destilada.
3 – Solução “stock”de Surfactante Brij – 35 (300 g/L): Dissolver 30 g de surfactante “Brij – 35” em água destilada para um volume final de 100 mL, em agitador magnético por aproximadamente 12 horas. Isso resultará em um líquido com alta viscosidade.
4 – Reativo de Cor: Diluir 50 mL de solução “stock”de BCG com 150 mL de ácido succínico. Adicionar 4,0 mL de solução “stock” de Brij – 35. Ajustar o pH próximo a 4,2 adicionando solução de hidróxido de sódio 5 mol/L. O ajuste final deve ser feito gotejando, cuidadosamente. Depois do pH ajustado ele deve ser verificado em uma solução obtida pela mistura de 1,0 mL do reativo de cor com 4,0 mL de água destilada. O pH da solução diluída deve ser de 4,20 +/- 0,05.
Multichannel Analysis System:
A concentração do reativo de cor utilizado é três vezes maior do que a utilizada por Doumas et al. As soluções “stock”são preparadas como anteriormente.
Reativo de Cor: Diluir 50 mL da solução ‘stock” de BCG com 150 mL da sloução “stock” de tampão succinato e adicionar 130 mL de água destilada. Adicionar 4,0 mL da solução “stock” de Brij – 35 300 g/L. Ajustar o pH como descrito anteriormente, exceto que para a verificação do pH devem ser utilizados 2,0 mL do reativo de cor com 4,0 mL de água destilada.
Padrão: Foi utilizado um padrão de proteínas (Kabi). Este padrão é uma solução 100 g/L de albumina humana pura (98 %) com pH 7,3; sem estabilizantes ou preservativos. Este padrão foi diluído para 20, 40 e 60 g/L.
Soro controle: O soro controle utilizado foi preparado pela mistura de amostras de soro de 100 doadores de sangue aparentemente saudáveis. Alíquotas deste pool de soro foram transferidas para pequenos tubos e congeladas.
2) Equipamentos:
O primeiro sistema utilizado foi o LKB 2086 Reaction Rate Analyser com o LKB 2076 Diluidor/Dispensador Pneumático.
O segundo sistema utilizado foi o 2480 Prisma, um sistema múltiplo de análises. Este é um sistema modular com uma unidade central processando módulos e unidades de suporte. Ele realiza no máximo 300 amostras por hora mas foi utilizado para fazer apenas 150 amostras por hora.
Os tubos de amostra são colocados em suportes. Alíquotas da amostra são transferidas para os compartimentos de distribuição das amostras, os quais se movem ao longo do analizador, passando ao módulo processador. Quando alcançar um módulo processador, a quantidade requerida de amostra para cada análise é, por meio de um transportador de amostra, medida e transferida para uma posição do suporte rotatório (quadro 1). No suporte ratatório há oito tubos, cada um dos quais pode ser utilizado para uma análise. Há também um tubo central, o qual é utilizado para a diluição das amostras. Cada módulo de processamento possui duas trilhas de processamento, individualmente termostatizadas. Uma trilha possui 30 supotes rotatórios movendo-se no sentido horário em uma cadeia contínua. Os componentes do analosador podem ser colocados em diferentes posições para misturar, diluir, adicionar reagentes, medir as absorbâncias e lavar.
Os diferentes componentes e módulos são supervisionados e controlados por um mini computador. Outro miniconputador é utilizado para selecionar as análises a serem realizadas na amostra de soro, processar os valores medidos e apresentar os resultados, dando também informações estatísticas.
3) Procedimento:
Reaction Rate Analyser: Com diluidor automático, adicionar 35 mL da amostra de soro, padrão ou soro controle para 1000 mL de água destilada, em tubos pequenos. Depois homogeneizar, diluir alíquotas de 35 mL destes tubos com 1000 mL de água destilada, em cubetas de poliestireno.
Comprimento de Onda: 629 nm
Temperatura: 25, 30, 32, 35 ou 37 o C
Volume Dispensado: 250 mL
Tempo: 1 min. ou 30 seg
Estabelecer primeiro a padronização do aparelho, incluindo a medida de absorbâncias com água destilada. Para isso, colocar 1000 mL de água, dentro de 10 cubetas em um suporte. Zerar o aparelho. Depois de zerado, o aparelho permanece estável por várias horas.
O aparelho é agora preparado para correr as amostras e os padrões previamente diluídos.
A medida do reagente de BCG a 629 nm é muito sensível a mudanças de temperatura.
Multichannel Analysis System: Os padrões, soros controles e amostras de soro são colocados em suportes, os quais são colocados no local de carregamento. As amostras são, então, transferidas para um sistema de distribuição de amostras. Uma alíquota da amostra é transferida para o suporte rotativo como demonstrado na tabela 1, onde serão realizados os próximos passos. O suporte rotativo esta localizado em um processador termostatizado, no qual a temperatura é mantida a 25 o C. A absorbância é medida com um Fotômetro.
4) Cálculos:
Reaction Rate Analyser: Os resultados são apresentados como na tabela 2.
EIA | Manual BCG | BCG no LKB 2086, g/L à: | |||
g/L | 25 o C | 30 o C | 35 o C | 37 o C | |
8,6 | 9,4 | 10,1 | 10,3 | 11,2 | 11,1 |
21,4 | 22,0 | 20,0 | 20,6 | 20,8 | 21,4 |
23,0 | 22,3 | 19,1 | 19,9 | 20,1 | 20,0 |
24,5 | 24,3 | 20,0 | 20,2 | 20,4 | 20,1 |
28,4 | 28,0 | 28,9 | 28,9 | 29,1 | 29,9 |
29,6 | 31,0 | 29,4 | 29,1 | 29,6 | 31,7 |
30,3 | 31,1 | 32,3 | 31,6 | 32,6 | 32,2 |
32,3 | 33,4 | 33,6 | 34,1 | 33,9 | 33,7 |
- | 32,2 | 32,2 | 34,7 | 34,5 | 33,7 |
35,9 | 38,0 | 36,6 | 35,5 | 36,2 | 36,2 |
36,6 | 40,0 | 40,1 | 39,9 | 39,7 | 40,2 |
38,1 | 40,1 | 36,6 | 36,9 | 37,2 | 37,5 |
- | 40,0 | 39,2 | 40,1 | 40,2 | 39,5 |
42,4 | 43,0 | 42,6 | 42,7 | 43,0 | 42,4 |
44,0 | 47,0 | 46,2 | 45,7 | 46,0 | 46,6 |
47,8 | 47,0 | 47,7 | 48,4 | 48,8 | 48,4 |
47,8 | 46,0 | 48,5 | 49,5 | 49,7 | 49,4 |
Sistema Múltiplo de Análise: As absorbâncias obtidas são automaticamente transferidas para um microcomputador, onde são realizados os cálculos. Os resultados são calculados a partir de uma solução padrão, desde que este sistema forneça uma curva padrão linear que passe através da origem.
5) Resultados:
Reaction Rate Analyser:
a) Linearidade e sensibilidade: A curva padrão de albumina, quando lida imediatamente (extrapolada) após a adição do reativo de cor é linear até cerca de 60 g/L e passa através da origem. A diluição utilizada para as amostras é aquela recomendada pelo aparelho utilizado desde que os resultados apresentem uma deflecção na absorbância de 0,2 A (correspondente a cerca de 65 g/L de albumina).
b) Efeito da temperatura na reação: Uma boa comparação pode ser obtida quando comparnado os resultados a 25 o C e 37 o C (Figura 4). Na tabela a seguir podemos observar que não há diferenças significativas quando os resultados forem determinados a 25, 30, 35 ou 37 o C. Análises por eletroimunoensaio e manual tinham sido determinadas anteriormente.
Proteínas totais (g/dL) - albumina (g/dL) = globulinas (g/dL) |
c) Comparação com imunodifusão radial:
A comparação dos resultados entre o método automatizado e a imunodifusão radial está demonstrada na figura 5.
d) Precisão:
O valor médio do soro controle foi de 46,7 g/L, foram realizadas 20 análises com um desvio padrão de 0,3 g/L. Em análises realizadas em dias alternados o desvio padrão foi de 1,0 g/L. Em análises de soros de 162 pacientes realizadas em duplicatas (em diversos dias) observou-se um desvio padrão de 0,74 g/L entre as duplicatas.
Multichannel Analysis Sistem:
a) Linearidade: A curva padrão é linear até 60 g/L e passa através da origem.
b) Comparação com o método manual: Os resultados obtidos do Multichannel Analysis Sistem e do método manual estão demonstrados na Figura 6. Os resultados foram obtidos a partir de seis corridas diferentes, realizadas em um período de três meses.
c) Precisão: O soro controle foi analizado em 21 dias diferentes, sendo feitas 50 a 100 análises por dia, com um padrão diário. Houve um desvio de 0,21 a 0,58 g/L, sendo de geralmente 0,3 g/L.
6) Discussão:
A reação entre o verde de bromocresol e a albumina, ocorre quase que imediatamente. Entretanto não há nenhum equipamento comercial que possa medir a absorbância imediatamente após a adição do reativo de cor. Torna-se, assim, necessário investigar outras soluções para o problema. Uma delas consiste em extrapolar os resultados obtidos até o tempo de adição do reativo de cor, outra consiste em minimizar o tempo, até que não haja erros significativos. Utilizando o segundo método, foi encontrado que resultados aceitáveis são obtidos quando a reação é realizada entre 8-10 segundos.
Outro importante fator, é o diluente utilizado na pré diluição. Diferentes diluentes tem sido utilizados. Água destilada demonstrou ser o melhor porque o uso de outors diluentes co cloreto de sódio 9g/L ou tampão succinato usado no reagente forneceram resultados falsamente aumentados. Há provavelmente um rearranjo conformacional de uma ou mais proteínas que reagem mais lentamente com BCG, nas amostras diluídas. O rearranjo protéico então reage imediatamente com o reagente de BCG como se fosse a albumina. Entretanto, é possível que altas concentrações de imunoglobulinas em alguns soros causem precipitação quando diluídas com água. Este erro não é levado em conta devido à grande diluição do soro utilizada na mistura final de reação.
Há pequenos acréscimos de leituras de reação com aumentos da temperatura. Assim seria de se esperar que os piores resultados obtidos, quando comparados com o método imunológico, fossem os realizados a 37 o C mas foram obtidos bons resultados, mesmo sob estas condições. É importante manter o sistema termostatizado porque a absorbância do reagente de BCG (branco) é sensível a mudanças de temperatura. Altas temperaturas provocam aumentos das absorbâncias. Isto não é o caso do complexo albumina – BCG.
Com o outro sistema utilizado, curvas padrões lineares passando através da origem foram obtidas. Isto facilita o uso de somente um padrão, por exemplo, 40 g/L, nos métodos de rotina. Este padrão é corrido diversas vezes em um lote de amostras a fim de nos fornecer resultados dignos de confiança para o cálculo dos soros dos pacientes. Foram comparados os resultados de métodos imunológicos e o método do BCG utilizando o Reaction Rate Analyser, bem como o método manual de BCG e o método utilizando o Multichannel analysis System. Os resultados finais podem ser melhorados, diminuindo-se os tempos de reações.
É demonstrado que a reação imediata da albumina com o BCG pode ser realizada por diferentes sistemas automatizados de análise tendo uma boa comparação com os métodos imunológicos. Assim, é possível realizar determinações da albumina automaticamente, utilizando pouco reagente e a um baixo custo para o laboratório de maneira rápida e simples.
INTERPRETAÇÃO
A síntese da albumina ocorre muito cedo no desenvolvimento fetal. Pela quarta à sexta semana de gestação, o saco vitelino e as células hepáticas produzem proteínas que são imunologicamente identificáveis como a albumina. Os valores dos adultos são atingidos pela vigésima e vigésima-sexta semanas de gestação e por conseguinte o soro do sangue do cordão têm um conteúdo completo desta proteína. Os valores de albumina sérica mantêm-se notavelmente estáveis no indivíduo normal até uma idade avançada, começamdo então uma tendência para uma descida significativa. As mulheres têm geralmente valores menores que os homens da mesma idade.
Os valores da albumina diminuem durante a gravidez, à medida que esta avança e algumas mulheres sofrem variações dos valores da albumina plasmática durante o ciclo menstrual. A modificação com contraceptivos não afeta de maneira significativa os valores da albumina.
A hipoalbuminemia é uma marca distintiva de desnutrição proteica, quer esta seja devida a “Kwashiorkor”, alcoolismo, parasitoses, doenças malignas ou à síndrome de “chá e torradas” das pessoas idosas que vivem sozinhas. Os baixos níveis séricos de albumina estão mais frequentemente associados com inflamações crônicas e doenças graves agudas. Contudo, se o processo difere ou não do anterior, i.e. ,suprimento insuficiente de aminoácidos, continua sendo matéria de discussão. Vários medicamentos citotóxicos têm um efeito depressor sobre a síntese das proteínas plasmáticas, incluindo a albumina. Nas crianças, a hipoalbuminemia e o edema periférico estão estreitamente associados; no adulto, o edema é menos previsível.
Valores muito baixos de albumina fazem prever doenças graves seja por aumento das perdas e/ou aumento do catabolismo, seja por diminuição da síntese. Estados patológicos como a cirrose alcoólica, acompanhados de hipoalbuminemia, resultam muitas vezes de desnutrição proteica e de uma diminuição do tecido hepático funcionante. Nos pacientes, cuja doença se acompanha de hipertensão portal, a mal absorção aumenta o problema. Desde que lhe sejam fornecidos os materiais para a síntese em quantidades adequadas, o fígado é capaz de manter níveis suficientes de albumina sérica, mesmo havendo perdas moderadamente grandes pelo rim; contudo, os pacientes nefróticos, mesmo bem alimentados podem ter baixos níveis séricos de albumina quando persiste a inflamação ativa.
Níveis significativamente diminuídos de albumina, em indivíduos sem deficiências congênitas de albumina, acompanham e são acompanhados por muitas doenças da homeostase.
A hiperalbuminemia usualemente é atribuída a uma desidratação ou hemoconcentração.
Nos últimos anos tem se aplicado o termo microalbuminemia para a excreção urinária aumentada de albumina. Esta condição esta relacionada com problemas diabéticos que logo manifestam uma enfermidade renal. O limite superior de excreção de albumina nos adultos normais é de 12 a 15 mg/min. A definição operacional de microalbuminemia é de 15 a 30 mg/min a 150 mg/min. O esforço físico, hipertensão, infecção do trato urinário e enfermidade cardíaca também podem aumentar a excreção urinária de albumina. A importância da determinação de microalbuminúria, surge da observação de que os diabéticos com uma excreção urinária menor que 15 mg/min tem menos probabilidade de desnevolver uma nefropatia com possível insuficiência renal na década seguinte, porém aqueles com níveis de excreção superior tem esta probabilidade aumentada.
A analbuminemia congênita é uma síndrome muito rara, em que os pacientes são capazes de sintetizar apenas quantidades muito pequenas de albumina (inferior a 0,5% do normal), só mensuráveis por métodos muito sensíveis. O interesse clínico destes pacientes localiza-se no fato deles apresentarem poucos problemas atribuídos a deficiência de albumina, apesar do papel fundamental que a albumina tem na manutenção da pressão osmótica e no transporte e armazenagem de substâncias com baixo peso molecular. O valor das proteínas totais nesta indivíduos varia entre 45 a 57 g/L, sendo a pressão coloidosmótica do plasma aproximadamente metade da esperada; não obstante, o edema periférico, quando existente, é moderado. A invulgar e inesperada benignidade da deficiência de um tão importante componente sangüineo, indica que a albumina pode na verdade não ser tão importante como geralmente se pensa.
Interferentes
a – Não utilizar amostras muito hemolisadas. Aparentemente, 1 mg% de hemoglobina ocasiona aumento de 1 mg% de albumina.
b – Há aumento pela interferência da amplicilina, nas desidratações, nas lipemias, no exercício muscular, no uso inadequado de torniquete na coleta.
c – Há diminuição da albumina nas hepatopatias, “stress”, traumas, má nutrição e síndrome nefrótica.
Notas
a – O soro é estável por três dias, em refrigerador e uma semana, em congelador.
b – A reação do verde de bromocresol depende da natureza da albumina utilizada; a albumina bovina difere da albumina humana cristalizada. Convém, portanto, padronizar a solução de albumina bovina com soros, de valores conhecidos.
c – Soros moderadamente lipêmicos não interferem na reação .
d – Os anticoagulantes a serem utilizados, no caso de plasmas, são a heparina e o EDTA.
e – É recomendável a utilização de pipeta de hemoglobina ou automática para a adição da amostra e do padrão. Limpar o lado externo da pipeta e lavar três vezes com o próprio reativo.
f – A recuperação do método é de 99% e a precisão é de 5%.
g – A vidraria deve estar perfeitamente limpa , pois os ácidos e álcalis interferem nos resultados .
h – Com a diminuição da albumina temos aparecimento de edemas, pois as proteínas têm papel importante na distribuição dos líquidos orgânicos. Quando os níveis são inferiores a 2 g/dL quase sempre há aparecimento de edemas.
i – Tendo-se os valores de proteínas totais e de albumina, o valor das globulinas pode ser:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS