Distribuições pra inglês ver


22 de abril de 2009 | Autor: antonini

Está aí, muito bem explicado, porque o software livre não “decola” no Basil: desonestidade, ganância, imperialismo, falta de vergonha na cara de empresários, PARLAMENTARES, (dês)governo e, principalmente, usuários. Os empresários querem apenas faturar com as licenças do M$-rWindows. Os parlamentares ao invés de fazerem leis duras e sérias que incentivem a indústiria nacional, o software livre e a autonomia brasileira na área de informática, estão preocupados apenas em quanto lucrarão, em propinas, vendendo-se à Micro$oft. O (dês)governo apenas criou o programa com fins eleitoreiros e não o fiscaliza e o usuário que, se achando muito esperto, compra um PC com Linux, pois é mais barato, e coloca uma cópia pirateada do M$-rWindows. Se não existisse o usuário burro e metido a espertalhão, o software livre teria tudo para dominar o Brasil, mas, como sempre, o  Brasil fica a mercê de gente BURRA e desonesta.

O programa do PC Conectado, iniciado em 2005, trouxe uma idéia que a princípio parecia muito boa: oferecer incentivos fiscais para PCs de baixo custo com Linux, cujos fabricantes se comprometessem em fornecer suporte aos softwares por um período de um ano e cumprissem alguns outros pré-requisitos.

Na época, a medida foi festejada por muitos, como uma forna de incentivar a produção nacional de softwares e de suporte aos usuários, ajudando a reduzir a dependência tecnológica do país e outras idéias nobres.

Até certo ponto, o programa atingiu seus objetivos, já que as reduções nos preços dos equipamentos permitiram que muitos comprassem o primeiro PC, sem falar nos tantos outros que puderam trocar os micros antigos por PCs e notebooks novos. Os incentivos fiscais também fizeram com que muitas empresas montassem fábricas na Zona Franca de Manaus, passando a executar alguns passos da produção no Brasil, em vez de simplesmente importarem todos os equipamentos.

Por outro lado, o programa trouxe um lado ruim, que foi o surgimento de diversas pseudo-distribuições, que se aproveitaram de brechas nas regras para ganharem algum dinheiro com o programa.

Em resumo, o programa do Computador para todos especificava que distribuições interessadas em participar deveriam fornecer uma lista de aplicativos pré-instalados e prestarem suporte telefônico aos usuários por um ano, recebendo um total de R$ 30 por PC vendido com o sistema.

A idéia pode parecer boa em teoria, mas na prática esbarra em um problema muito simples: o custo de prestar suporte telefônico a usuários finais é muito alto (devido ao volume de chamados e a grande variedade de temas a cobrir) e é inviável prestar suporte por esse valor. Não importa qual seja a metodologia aplicada. Se os usuários realmente começam a usar o suporte, a empresa passa a ter prejuízo e o modelo de negócios simplesmente entra em colapso.

Como as empresas recebiam os 30 reais “por cabeça”, independentemente de o usuário usar o sistema ou não, a solução adotada por muitas das participantes foi tão simples quanto cruel: oferecer sistemas ruins a ponto de que os usuários desistissem de utilizá-los, fazendo com que as chamadas de suporte fossem poucas e os 30 reais (multiplicados por algumas centenas de milhares de unidades) se convertessem em lucro.

Como os pré-requisitos especificados nas regras do programa incluíam apenas uma lista de fatores isolados (incluir uma lista de 28 aplicativos, ser configurado para o hardware da máquina, etc.), era fácil para estas empresas criarem distribuições que cumprissem os pré-requisitos estabelecidos, muito embora o resultado final fosse muito ruim. Como pode ver, é mais um caso em que o “jeitinho brasileiro” prevaleceu.

O nicho seguinte, foi o de integradores interessados em venderem PCs de baixo custo, fazendo ou não parte do programa. Grandes fabricantes e integradores quase nunca vendem PCs sem algum sistema operacional instalado. Isso está em grande parte relacionado à ação da ABES e outras entidades anti-pirataria, que argumentam que PCs vendidos sem sistema operacional incentivam a pirataria (como se todos usassem Windows…).

O grande problema para os fabricantes é que, ao fornecer um sistema pré-instalado, eles acabam sendo obrigados a oferecerem suporte a ele, tanto devido à questão do código de defesa do consumidor, quanto devido ao fato de que os compradores podem simplesmente devolver ou trocar os PCs nas lojas (dentro do prazo de 7 dias) caso não consigam usá-lo.

Tradicionalmente, os integradores pagam a “taxa Microsoft”, incluindo alguma versão do Windows nos PCs e deixando que a Microsoft lide com o suporte, atualizações e outros detalhes. Como a maioria das pessoas têm familiaridade com o Windows e quase ninguém consegue respostas úteis no suporte da Microsoft de qualquer maneira, o custo relacionado para a Microsoft acaba sendo bastante baixo.

Ao optarem por não fornecerem o Windows nos equipamentos, os fabricantes precisam encontrar alguma outra empresa que forneça o sistema e preste suporte a ele, o que, novamente nos leva às “distribuições pra inglês ver”, que recebem por cópia vendida e por isso têm poucos motivos para fazer com que os usuários realmente utilizem o sistema.

A característica fundamental que diferencia estes produtos de distribuições comunitárias como o LinuxMint, DreamLinux, Big Linux, GoblinX e outros (que, apesar de receberem pouco apoio, são projetos desenvolvidos de maneira honesta e que atendem a públicos específicos), é o fato de que o objetivo não é oferecer um sistema que ofereça algum diferencial e seja desenvolvido com base nas necessidades dos usuários, mas simplesmente produzir um engodo que possa ser vendido aos integradores e empurrado aos usuários.

Como a prioridade é fechar os contratos e gastar o mínimo possível com o suporte posterior aos usuários, a qualidade do sistema é quase sempre ruim, o que faz com que a maioria dos usuários simplesmente desista e instale outra distribuição ou uma cópia pirata do Windows, o que permite que o fabricante lave as mãos e deixe de prestar suporte.

O trabalho deficiente feito por estas distribuições acabou por criar um forte estigma em diversos círculos, dando a impressão de que o Linux é um produto inferior, usado em alguns modelos de baixo custo simplesmente por ser mais barato. Ultrajados, muitos usuários mais antigos passaram a estigmatizar estas distribuições e os fabricantes que as utilizam, criando um clima pouco saudável.

É provável que, no futuro, empresas mais bem estruturadas e dispostas a fazer um trabalho mais sério substituam esta primeira leva de pseudo-distribuições, fazendo com que elas sejam lembradas apenas como uma página negra da história, assim como as placas da PC-Chips e os PCs sem memória cache.

Uma possível candidata seria a Canonical, que já possui contratos com alguns integradores (como a Dell), que pagam um pequeno valor por unidade vendida para terem acesso a serviços de personalização e suporte. Outra possível candidata seria a Mandriva, que tem também uma certa experiência na área, já tendo desenvolvido personalizações para alguns integradores.
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