Linux como mudança de mentalidade


12 de novembro de 2008 | Autor: antonini

…fui a reunião com o gerente de TI da informática do meu trabalho… e, num papo pós-reunião com ele, me caíram vááárias fichas… serviu para consolidar e compreender vários dos aspectos que formam uma mentalidade… e que só quando se muda a mentalidade, com os valores, mudam as práticas, o tempo e o sentido das coisas.


Fernão Lopes Ginez de Lara

Cada vez mais percebo que Linux não é apenas software livre, mas sim toda uma nova mentalidade, todo um novo conjunto de valores, que resgatam algumas práticas abandonadas pela modernidade e colocam em prática outras, inconcebíveis anteriormente.

Acredito que a questão do Software Livre não passa pelo dinheiro, pela gratuidade, como ponto principal. Esse pode ser o chamariz inicial, mas está longe da amplitude e das possibilidades da GPL. Significa comunidade, pertencimento a um grupo, não apenas espacial, mas composto por múltiplos participantes fragmentados pelo mundo. A comunidade, tradicionalmente, tinha um caráter local, o que é retomado e recontextualizado… evidentemente diversos elementos fragmentadores permanecem…

No mundo atual, a sensação de distanciamento só aumenta e, mesmo com todo o seu espaço, existem estruturas cada vez maiores e mais, aparentemente, opressoras. Falar com o desenvolvedor do programa que você está utilizando e pedí-lo para desenvolver sua aplicação para tal especificidade, assim, “cara-a-cara”, é inimaginável na mentalidade “proprietária” – o lucro permeia a relação, impede e isola cada vez mais cada ator, ampliando, assim, a alienação da produção e do trabalho.

Mas “Software Livre” lida também com a concepção de avanço tecnológico e a obsolescência programada. Me deparei hoje, pela primeira vez, com uma pessoa falando que o padrão de mercado, BOM, para desktop empresarial, era um Pentium4 2.8 GhZ com 1GB Ram, que a gente que estava acostumado com ninharia. Será isso mesmo ou será que os mundos descolaram um do outro e a antítese entre eles vai deixar de acontecer?

Penso nesse modelo, que garante o consumo incessante de máquinas novas, evidentemente amparado por software cada vez mais potente e, sobretudo, pesado. Frente a isso, há o desenvolvimento do software livre, que trabalha com muitos paradigmas (se é que essa frase é possível) … é viável o micro velho, atualmente abandonado às traças, como o Pentium 133, o 486 DX2, com 32 ou mesmo 16mb de ram… como é viável o Pentium4 com 1 ou 2 GB de Ram… em funções diferentes… não precisamos de P4 para tudo. Por favor, é um total desperdício de energia, trabalho, tempo e matéria prima (todos convertidos em dinheiro), que serão usados para um Office cada vez mais pesado e com ferramentas inúteis.

E é o modelo que está aí, para ser batido. Quero insistir, assim, na computação paralela, na computação distribuída e, claro, com toda a certeza, na volta da força do Main-Frame! Verdade! Pois nem todo mundo precisa de um processador 64 ou, em breve, 128 bits… mas determinados processos PRECISAM. Os 90% do resto, não!!!

Software livre envolve uma mudança de paradigma total. Quando me deparei com aquele universo nessa reunião, que para mim constitui outra realidade, vi que realmente estava imerso em um mundo à parte. Não sei se era o mundo das “ninharias”, como me foi dito… mas acredito que é com o mundo real, paralelo, subjugado… que, o Universo Linux come por todos os lados, para a minha esperança, pois ele vai bem tanto no novo-novíssimo quando no velho-velhíssimo.

Por isso, acredito que o Linux e o mundo Linux contribuem em uma parte do que considero base para uma mudança social que poderá surgir… isto é, se a distância entre os mundos não aumentar mais absurdamente e impedir tudo, inclusive os conflitos sociais. Ou é esse degrau que fará com que o mundo descolado da realidade desabe e se esfacele. Como disse o “profético” Marx, hein???

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