O conceito de esquizofrenia é utilizado, hoje em dia, como uma doença, quando na verdade ele foi designado para dar nome a um quadro onde existiam certos comportamentos bizarros ou relativamente fora dos padrões sociais e culturalmente aceitos.
Embora o conceito seja amplamente discutido, os especialistas são unânimes em enquadrar como esquizoides ou esquizofrênicos os indivíduos que apresentam insociabilidade, inadaptação, autodestruição impulsiva, emotividade imatura, distorção e retraimento nas relações interpessoais e em casos mais graves, alucinações e delírios.
O quadro que hoje, designamos por esquizofrenia, foi reconhecido em 1848 por John CONOLLY, no “Hanwell Asylum” da Inglaterra, o qual afirmou em suas “Crooniam Lectures” o seguinte e textualmente traduzido:
- “Os jovens, com certa frequência, mergulham em um estado que, até certo ponto, assemelha-se à melancolia, sem que possa discernir qualquer causa de tristeza e, certamente, sem que haja qualquer mágoa específica; tornam-se indolentes ou prosseguem em suas ocupações ou recreações habituais mecanicamente e sem interesse; o intelecto, as feições, as paixões parecem inativos ou amortecidos e os pacientes acabam profundamente apáticos.”
Embora CONOLLY tenha feito a observação e o registro, foi apenas Eugene BLEULER quem, em 1911, designou para este quadro o termo esquizofrenia que significa divisão da mente
Epidemiologia
Através de estudos de MISHLER e SCOTH temos, estatisticamente, a
comprovação de que esquizofrenia é a mais incidente das
psicoses, pois 0,3% da população mundial pode estar sofrendo
desta perturbação. A qualquer momento, 0,15% têm probabilidade
de vir a sofrer desta patologia e 0,02% podem estar sendo
internados, em virtude deste acometimento.
Etiologia
Como já discorremos anteriormente, a esquizofrenia é determinada
por genes alelos autossômicos e recessivos, transmitindo-se de
geração em geração, através do código genético.
Instalação da
esquizofrenia
A idade de aparecimento vai desde o final da infância até a
meia-idade, embora a maior incidência esteja entre o final da
adolescência e o começo da idade adulta.
Tipos de esquizofrenia
a) tipos simples – neste tipo as perturbações estão ao nível de
interesse, emoção e atividade, as alucinações são raras e
passageiras, a instalação é gradual e assume a forma de
empobrecimento da personalidade;
b) tipo hebefrênico – no tipo hebefrênico há uma regressão à
personalidade infantil, o indivíduo passa a agir e a se portar
como criança;
c) tipo catatônico – compreende 5% das esquizofrenias,
caracteriza-se por estados de rigidez muscular total, apatia e
indiferença social e ambiental;
d) tipo paranóide – no tipo paranóide, os sintomas mais
evidentes são as alucinações e os delírios, as perturbações da
associação e de afeto, lado a lado com o negativismo, o delírio
de perseguição é o tipo mais encontrado na esquizofrenia
paranóide.
Psicopatologia
Na esquizofrenia existem alterações específicas de estruturas
mentais como afeto, atenção, pensamento e comunicação,
percepção, impulso e ação e apresenta ainda certas formas
adicionadas como ambivalência, negativismo e sugestividade:
a) distúrbios de afeto – na esquizofrenia há um embotamento dos
sentimentos mais refinados e um insidioso e progressivo
estreitamento de interesses;
b) atenção – o distúrbio de atenção na esquizofrenia é resultado
do gradual desinteresse que toma conta do sujeito na evolução do
quadro esquizofrênico, a energia dispensada aos interesses é
agora difusa e por isso não há mais atenção;
c) pensamento e comunicação – normalmente, a acepção e
associação de ideias seguem uma ordem lógica, mas no
esquizofrênico não existe acepção de forma ordenada, decorrendo
daí a recepção de várias ideias ao mesmo tempo, devido a isso,
suas associações são prejudicadas e, em consequência, a
elaboração de respostas e toda a comunicação ficam alterados;
d) percepção – na criança esquizofrênica ou nos pacientes em
primeiro estágio da doença, os estímulos auditivos e visuais
sensibilizam grandemente, enquanto nos casos profundos ou
crônicos existe uma indiferença aos estímulos ambientais;
e) impulso e ação – as atividades impulsivas do esquizofrênico
derivam em grande parte de uma carência de integração, de
associação, afetos e desejos com a existência de objetivos
incompatíveis, e com frequências mutáveis;
f) ambivalência – pode se manifestar através de uma mescla
instável de amor e ódio, com variações de afeições e ódio,
levando as vezes, a episódios impulsivos, existem certos casos
em que os impulsos de morte, geralmente imperceptíveis, levam o
paciente ao suicídio ou a um homicídio, a automutilação
impulsiva é um tanto comum, especialmente, no caso de atividades
masturbatórias do sujeito;
g) anergia – constitui-se na abstenção espontânea de atividade,
é uma deterioração nos hábitos e pode ser considerada como uma
retirada do mundo que ele, esquizofrênico, renuncia;
h) negativismo e sugestibilidade – o negativismo é uma das
formas que o esquizóide utiliza para hostilizar o ambiente,
negando-se, antagonicamente, a fazer aquilo que as pessoas
esperam dele, a sugestibilidade embora em alguns casos se
manifesta de maneira oposta ao negativismo, tem o mesmo objetivo
e caracteriza-se por uma forma de copiar ou representar
situações tais como repetições ou remedeios de atos de pessoas
objetivando hostilizar ou chamar a atenção sobre si.