Um osso duro de roer

“Todos estavam juntos no convés,

Para ver a construção de uma prisão-túmulo:

Todos ficavam em mim seus olhos frios

Que à luz dominar brilhavam.”

Samuel Taylor Coleridge,

The Rime off The Anciest Marine

Gengivas inchadas, esponjosas, arroxeadas, sangrando, hálito fétido, dentes amolecidos e cuspidos, sangramento em volta dos pelos do corpo, logo grandes equimoses, juntas inchadas, hemorragia nasal, olhos injetados, vômito sangrento, ferimentos não-cicatrizados, lassidão, fraqueza, insuficiência cardíaca e morte súbita. Quando os marinheiros saíram de Bristol, no século XVIII, deixando Dr. Jenner entre os ordenhadoras, tudo isso era tão comum a bordo quanto o enjoo do mar.

Vasco da Gama, em 1497, o primeiro a dar a volta ao Cabo da Boa Esperança, perdeu desse modo 160 homens de sua tripulação. A doença intrigou Fernando de Magalhães, o primeiro a dar a volta ao Cabo Horn, em 1520. Um ano e três meses depois de sair de Sevilha, após passar três meses de inverno em São Juliano, na Patagônia, as gengivas do seus homens “cresceram, cobrindo os dentes, impedindo-os de se alimentar, e eles morreram de fome”. Jacques Catier, de St. Malo, descobridor do São Lourenço, passou o inverno de 1535 ancorado no Rio Charles, que divide Québec, e perdeu 50 homens em dezembro, quando essa ” doença desconhecida começou a se espalhar entre nós do modo mais estranho jamais visto ou ouvido “. Em fevereiro, dos 110 tripulantes apenas 10 tinham condições de trabalhar, outros 25 morreram em terra, a despeito das orações contínuos.

O veterano da Armada, Sir Richard Hawkind, autor de Voyage into the South Sea, seguiu a esteira de Drake, para circunavegar o globo no Reputance (rebatizado, por ordem da rainha Elizabeth I, com o nome de Daintie), liberalmente aprisionado em 1593, em Plymouth, com carne de boi, de porco, biscoitos e cidra, e foi atacado pela doença no Equador. Nos seus 20 anos de mar, Sir Richard admitiu ter visto 10.000 casos.

O Escorbuto era uma doença identificada pelo número de mortos. Os comandantes se perguntavam se seria uma infecção dos misteriosos fômites ou provocada pela preguiça evidente de suas vítimas , por quiasmas demoníacos, entre um um convés e outro, o sal ar, o trabalho duro, beijar mulheres em terra, a comida. A ração diária da Marinha, em 1615, era de 236 gramas de queijo, 118 gramas de bacon 118 de manteiga, meio quilo de biscoitos, geralmente bichados “fedidos como mijo”, mas toleráveis com o meio litro de cerveja.

O Escorbuto no mar era grave e rápido, raro entre os oficiais, até mesmo entre os oficiais subalternos, atacando mais rapidamente nas viagens que começavam na primavera. Nos porões-prisões ancorados ao largo de Woolwich, no Tâmisa, o escorbuto era um carrasco muito ocupado. Os traficantes de escravos queixavam-se que o número de vítimas da doença, nos seus navios superlotados, custava a eles a perda de vidas valiosas. O escorbuto em terra era mais insidioso no seu ataque às guarnições, às cidades cercadas, aos Países Baixos, ao norte da Rússia e Escandinávia e às regiões romanas, que ela atravessavam o Reno .

Felizmente para os romanos, os holandeses tinham uma erva curativa, bem como os índios da margem do São Lourenço. Atônito com os casos dos índios que se recuperavam numa semana, tomando chá de agulhas de pinheiro, Jacques Cartier mandou fazer o chá para sua tripulação e, satisfeito, viu todos curados, sendo sua alegria maior pelo fato de não precisar repetir a desagradável tarefa de abrir o corpo de um amigo morto na neve, sem descobrir a causa da terrível doença.

Johannes Bachstrom (1686-1742), de Leyden,13 anos antes havia declarado que o os corpo do mar e o de terra era mão única doença que só tinham uma cura: comer verduras. Fim de afirmou a mesma coisa:

” O marinheiro em ignorante e o médico cultos sentem necessidade, igualmente, e com a mesma intensidade, de vegetais verdes e das frutas frescas da terra. “

Lind receitou suco de limão ou de lima.

Ele havia encontrado o remédio específico, sem idéia de como funcionava, para uma doença cuja causa ninguém conhecia.

Um ano depois da sua morte, o almirantado concordou com ele. Duzentos gramas de suco de limão, com cem gramas e meio de açúcar, eram distribuídos para toda a tripulação depois de seis semanas no mar. O escorbuto desapareceu como o Holandês Voador.

Mais tarde, o suco de limão passou a ser preservado com a adição de um quarto de seu volume de rum. Os donos de navios mercantes, a partir de 1854, foram obrigados a “servir o suco de limão ou de lima à tripulação, sempre que os homens haviam consumido alimentos salgados durante dez dias “. As limas das índias orientais eram preferidas aos os Limões do Mediterrâneo e, por muito tempo, a palavra passou a designar os ingleses nos pontos da América (embora durante um tempo os limeys fossem também os ” novos amigos” que desembarcavam na Austrália). As usinas, estranhamente, não era tão eficazes contra o escorbuto quanto o limão. A viagem em busca do pólo norte, comandada por Sir George Nares, em 1875, quando só foi o usado suco de lima, teve casos de Escorbuto, e a de Sir Alexander Armstrong, em 1850, com suco de limão, não teve nenhum. Às vezes,85% dos pacientes de Florence Nightingale, em Scutari ir ela tinha um Escorbuto, apesar das frações de suco de lima, mais isso logo foi explicado pelo fato de as minas teriam ficado todas em Balaclava. Ao humanidade teria de esperar 50 anos pela resposta certa.

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