Estudo mostra que, nesse horário, o nutriente multiplica por até cinco vezes a sensação de saciedade ao longo do dia. Leia aqui mais um “interessante e emocionante” capítulo da série “Besteirol Diário em Doses Cavalares”. Sabe Deus onde, quando e como fizeram o tal estudo que dizem ser conclusivo sobre os efeitos das proteínas no emagrecimento, quando ingeridas no desjejum.
Por Lúcia Helena de Oliveira
Já se desconfiava que pitadas a mais de proteína na dieta evitariam ataques de gula. E nesta semana o British Journal of Nutrition publicou um trabalho surpreendente que, na verdade, foi realizado em solo americano, mais especificamente na Universidade Purdue, por um time liderado pelo nutricionista e doutor em ciência dos alimentos Wayne W. Campbell. “O horário em que você consome a proteína faz toda a diferença para aproveitar esse efeito saciedade”, sentencia o pesquisador, em entrevista a esta coluna.
Ele conta que, para o estudo, recrutou homens acima do peso na faixa dos 40 anos. Todos seguiram uma alimentação equilibrada de baixas calorias, fracionada em cinco refeições. Mas havia diferenças. Parte do grupo recebeu uma dieta com um teor, digamos, convencional de proteínas. Para o restante, porém, os nutricionistas criaram um programa alimentar com o mesmo valor calórico, mas com uma participação maior de fontes protéicas. De 18% a 25% das calorias consumidas vinham de alimentos ricos em proteínas.
“Já esperávamos que essa turma sentisse menos fome ao longo do dia”, admite Campbell. “O que eu me intrigava mesmo era descobrir o seguinte: se essas pessoas concentrassem mais proteínas em uma determinada refeição, será que isso faria alguma diferença? Vimos que sim.”
Para chegar a essa conclusão, ele dividiu os voluntários que comiam mais proteína em quatro grupos. O primeiro distribuiu os alimentos protéicos por todas as refeições. O segundo reforçou a presença das proteínas no café-da-manhã. O terceiro comeu mais de suas fontes no almoço e o quarto, no jantar. Todos os participantes tinham de responder perguntas sobre como andava a sua fome, se tinham vontade de devorar bombons no meio da tarde e coisas assim. Não bastasse isso, de vez em quando se submetiam a testes de sangue para medir hormônios envolvidos com a saciedade.
Cruzadas todas essas informações, os cientistas notaram que não fazia muita diferença distribuir todas as porções protéicas ao longo das refeições ou deixá-las para o almoço e o jantar. No entanto, caprichar na proteína do café-da-manhã, ah, isso sim, era uma ajuda e tanto, capaz de multiplicar por quatro, muitas vezes até por cinco a intensidade e a duração da sensação de saciedade.
“Por que isso acontece? Bem, nós ainda não sabemos. Mas trata-se da primeira evidência científica de que o horário de consumo das proteínas faz diferença e uma revelação assim, sem dúvida, pode ajudar pessoas que precisam perder peso de uma maneira mais saudável, sem apelar para saídas malucas.”
O especialista lembra que, por ironia, muita gente prefere comer mais proteínas à noite e comenta que um café-da-manhã capaz de prevenir ataques de fome não tem nada de outro mundo, “principalmente nos países onde as pessoas têm o bom hábito de tomar leite no desjejum.” Ele aconselha que você complemente o leite desnatado com duas porções de alimentos protéicos. Uma porção equivaleria a um ovo cozido ou uma omelete simples preparada sem gordura ou feita só de claras; duas fatias finas de peito de peru ou de presunto light ou, ainda, de queijo light também; uma colher de sopa de queijo cottage; um copo de iogurte desnatado batido com adoçante, entre outros exemplos.
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